Lembrando meus dias na Blue Zone da Sardegna, convido você a parar e meditar comigo por 5 minutos :)
Casual Friday #008
Parece que existem lugares que te convidam mais a introspecção e lugares que te levam cada vez mais para o exterior de si mesmo, já reparou?
Sejamos honestos, com a vida que levamos hoje, o difícil é voltar para dentro, se conectar com nossa voz interior e saber distingui-la da voz do medo, da sobrevivência.
E o que não falta são lugares e situações que nos levam cada vez mais para fora de nós mesmos.
As implicações dessa desconexão é o espelho em que podemos olhar o que nos rodeia: esquemas, planilhas, gurus, sistemas, apetrechos e aparelhos para nos ajudarem a entender a nós mesmos, nos monitorar, explicar o que se está sentindo ou passando.
Mas, hoje, acordei lembrando dos meus dias em Baunei, região da Sardegna em que fica uma das cinco Blue Zones do mundo.
Pensei nos habitantes da região, que tem uma das maiores concentrações de centenários saudáveis do mundo, vendo uma mãe ou pai procurando uma tabela de “janela de sono” do bebê no Google para calcular se o seu está dentro. E achei a ideia cômica.
Pude ver uma das mammas sardas rindo e falando que bastava olhar a criança e percebê-la com sono.
Então, pensei neles vendo um de nós analisando nosso histórico de passos dados no último mês ou das noites dormidas. Vendo se o gráfico automatizado nos deu status de ativo ou sedentário, de descansado ou cansado.
Vejo, agora, uma mamma sarda com sua paciência no limite e gesticulando que aquilo era inutile, bastava reparar em si mesmo.
A verdade é que desde que os conheci pessoalmente, vi suas famílias, sua comunidade, sua alimentação, seu modo de viver e sua micro cidade, não são poucas as vezes que me imagino vivendo como se estivesse lá.
Se a semana que passei lá já me mudou profundamente, imagino se ficasse mais tempo em um lugar desses.
E cada vez que imagino isso, sinto que estou numa realidade tão distante da deles que viver 1 ano lá seria equivalente a uns 5 daqui.
Talvez por ainda terem tantos pontos que os levam a se conectarem com si e com os que os rodeiam, o tempo não é uma preocupação.
E por isso, quando a voz da cobrança vem me questionar coisas como:
Quando você vai ter mais tempo para si?
Quando vai poder sair à noite?
Quando vai conseguir jantar sozinha com seu marido?
Quando vai ler um livro sem ter que olhar sua filha a cada 5 minutos?
Me é útil pensar neles e na perspectiva de tempo que quase centenários com uma vida muito pacata tem.
O tempo passa diferente em alguns lugares do mundo. Não tem como negar.
Continue a ler com uma experiência gratuita de 7 dias
Subscreva a Flavia Machioni para continuar a ler este post e obtenha 7 dias de acesso gratuito ao arquivo completo de posts.